As postagens e as fotos permitem que o público acompanhe a criação do espetáculo. O feed back dos convidados para os ensaios abertos são muito importantes para a companhia. A estréia deve acontecer no começo de 2012.
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
ROMANCE DA MÁGOA NEGRA
AS PICARETAS DOS GALOS
CAVAM, BUSCANDO A AURORA,
QUANDO PELO MONTE ESCURO
BAIXA SOLEDAD MONTOYA.
COBRE AMARELO, SUA CARNE
CHEIRA A CAVALO E SOMBRA.
SEUS PEITOS, BIGORNAS MORENAS,
GEMEM CANÇÕES REDONDAS.
SOLEDAD, POR QUEM PERGUNTAS
SEM COMPANHIA A ESTAS HORAS?
PERGUNTE POR QUEM PERGUNTE,
DIZ: A TI QUE TE IMPORTA?
VENHO BUSCAR O QUE BUSCO,
MINHA ALEGRIA E PESSOA.
SOLEDAD DOS MEUS PESARES,
CAVALO QUE SE DESBOCA,
SEU FIM ENCONTRA NO MAR
E É TRAGADO PELAS ONDAS.
NÃO ME RECORDES O MAR,
QUE A MÁGOA NEGRA BROTA
LÁ NAS TERRAS DE AZEITONA
POR SOB O RUMOR DAS FOLHAS.
SOLEDAD, QUE MÁGOA TENS!
QUE MÁGOA TÃO LASTIMOSA!
CHORAS SUMO DE LIMÃO
ACRE DE ESPERA E DE BOCA.
QUE MÁGOA TÃO GRANDE! CORRO
MINHA CASA COMO LOUCA,
MINHAS TRANÇAS PELO CHÃO,
DA COZINHA ATÉ A ALCOVA.
QUE MÁGOA! ESTOU-ME TORNANDO
AZEVICHE, CARNE E ROUPA.
AI! MINHAS CAMISAS TÃO FINAS,
AI! MINHAS COXAS DE AMAPOLA!
SOLEDAD: LAVA TEU CORPO
COM A ÁGUA DAS COTOVIAS,
E DEIXA TEU CORAÇÃO
EM PAZ, SOLEDAD MONTOYA.
*
LÁ EMBAIXO CANTA O RIO,
VOLANTE DE CÉU E FOLHAS.
COM FLORES DE CABACEIRA
A NOVA LUZ SE COROA.
OH! A MÁGOA DOS GITANOS!
MÁGOA LIMPA E SEMPRE SÓ.
OH! RIO DE LEITO OCULTO
E MADRUGADA REMOTA!
Assinar:
Postar comentários (Atom)
O GALO DE PIRAPORA
ResponderExcluir(Altino Caixeta de Casto - Leão de Formosa)
Com sete estrelas d’alva na garganta
Aquele galo preto ao ver a aurora,
Rufla as asas, tatala-as, bate a espora,
Tenor da noite e das estrelas, canta.
A rubra crista relampeja agora
Na noite de si mesmo que o suplanta.
Aquele galo preto quando canta
Bate o bico no céu de Pirapora.
Seu canto cai nas águas rio abaixo.
É um galo conhecido, é um galo macho,
Madrugador e marcador das horas.
Ele é o relógio ali das madrugadas,
Rufla o tambor das asas assustadas,
Bate o bico de bronze nas auroras.